2 de abril de 2021

Comandante da Polícia Militar do DF é exonerado por furar fila da vacina

 


O comandante-geral da Polícia Militar do Distrito Federal, Julian Rocha Pontes, foi exonerado do cargo após furar a fila da vacina. A demissão dele será publicada, ainda nesta sexta-feira (2/4), em edição extra do Diário Oficial. A decisão foi confirmada ao Correio por fontes do Palácio do Buriti.

Na manhã de hoje, houve uma reviravolta no calendário de vacinação das forças de segurança pública da capital. Após anunciar o início da imunização da categoria neste sábado (3/4), a Secretaria de Saúde voltou atrás, e aditoupara a próxima segunda-feira (5/4).

Revolta

A informação de que militares de alta patente furaram a fila da vacina gerou revolta na caserna. Além do comandante da corporação, também furaram a fila o subcomandante-geral da PM, coronel Cláudio Fernando Condi; o chefe do Departamento Operacional (DOP), coronel Hemerson Rodrigues Silva; e o subcomandante operacional do 2º Comando de Policiamento Regional, tenente-coronel Eduardo Condi. Os nomes foram confirmados ao Correio por fontes militares.

Fontes policiais com quem a reportagem conversou informaram que o comandante-geral da PM, Julian Pontes, se vacinou na Unidade Básica de Saúde I (UBS I) da Asa Sul, na quarta-feira (31/3). A imunização dos coronéis e comandantes ocorre devido à circular vigente da Secretaria de Saúde do DF, que prevê a a destinação das sobras da vacina, chamadas de “xepas” para os policiais militares que fazem a segurança das vacinas, do transporte e dos locais de vacinação.

Em nota oficial divulgada na quinta-feira (1º/4), a SES-DF informou que “esses profissionais (citados na lista da circular) também fazem parte do grupo de prioritários e já estarão nos locais trabalhando justamente para que a população tenha tranquilidade e segurança durante a aplicação das vacinas”.

Um dos vacinados antes dos praças é o tenente-coronel Eduardo Condi, irmão do subcomandante-geral, coronel Cláudio Fernando Condi. Condi passou a atuar na área administrativa da corporação após ser indiciado no caso Naja.

O policial militar é padrasto de Pedro Henrique, o estudante de medicina veterinária picado pela serpente Naja, e, no esquema criminoso, teria dado suporte financeiro e material para que a residência servisse de cativeiro para as cobras. O tenente-coronel responde 23 vezes por tráfico de animais silvestres, fraude processual, maus-tratos e associação criminosa.

Queixa-crime

O deputado e bombeiro militar Roosevelt Vilela (PSB) gravou um vídeo classificando a atitude dos militares como “inacreditável e inadmissível”. “Isso (vacinação antecipada) é um desrespeito aos mais de 20 policiais militares que perderam a vida para a covid-19. Enquanto você, policial da ativa, está no enfrentamento e na defesa da sociedade, o comandante-geral de gabinete fura fila da vacina”, disse.

O parlamentar afirmou que acionará o Artigo 101 da Lei Orgânica, que prevê, por meio da Câmara Legislativa do DF, o afastamento imediato dos gestores. Afirmou, ainda, que estará representando uma queixa-crime, exigindo que a Corregedoria da PM abra um conselho de justificação contra os oficiais. “Essas são ações efetivas e enérgicas no sentido de manter a moral e respeito de cada um desses PMs, que diuturnamente defendem a sociedade”, frisou. As informações são do Correio Braziliense