23 de abril de 2021

Cenário é de ‘escassez de vacinas’ contra Covid nos próximos dois meses, apontam secretários de saúde

 


A baixa cobertura vacinal no país na segunda onda da pandemia de Covid-19  é uma das principais preocupações de estados e municípios. Em audiência púbica no Senado nesta quinta-feira, o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) apontaram a necessidade de aumento no orçamento para garantir o enfrentamento da pandemia, principalmente diante da previsão de um cenário de escassez de imunizantes para os próximos meses. —  Eu acho que a gente tem um cenário difícil, dificílimo. 

Para os próximos dois meses a gente deve ter um cenário de escassez de vacinas, isso é preciso ser dito. A gente não sabe o que vai acontecer com a Índia, onde há um recrudescimento muito grande da doença, que é o maior exportador de IFA (Insumo Farmacêutico Ativo), a gente não sabe o que pode acontecer — disse Carlos Eduardo Lula, presidente do Conass. 

A média de quase 3 mil mortes e de 63 mil novos casos é considerada preocupante, mesmo com uma pequena redução na última semana, e o número de pessoas internadas com a doença é alto. Por outro lado, a avaliação é que o país tem capacidade de vacinar 3 milhões de pessoas por dia, mas o que falta é o insumo. — Com relação à temática vacina, o que falta é vacina. 

O cronograma apresentado sempre é reduzido pra baixo. Nunca temos a obediência desse cronograma como deve acontecer — afirmou o presidente do Conasems, Wilames Freire. A questão orçamentária é considerada crucial neste momento. Relatório do Tribunal de Contas da União (TCU) apontou falta de planejamento do governo federal, que não reservou dinheiro para o enfrentamento da pandemia da Covid-19 em 2021. 

Na audiência, representantes do tribunal explicaram que o processo ainda depende de uma decisão dos ministros. Técnicos do TCU defendem um orçamento separado para o combate à Covid.   — A falta de uma rubrica específica para Covid, assim como nós tínhamos no orçamento de guerra no ano passado, é algo que preocupa — disse o secretário de controle externo do TCU, Marcelo Chaves Aragão. Desabastecimento do ‘kit intubação’ Além disso, foi destacada a crise de fornecimento do “ kit t intubação” para pacientes internados com coronavírus. Segundo o Conasems, o aumento de 19 mil leitos de UTI para Covid neste ano impactou no consumo de medicamentos e na necessidade de mais profissionais. Foi detectado um número maior pacientes jovens,  obesos e que precisam mais oxigênio e medicação. Também houve diminuição de internações de pacientes com mais de 80 anos e de profissionais de saúde, que já foram vacinados. 

O coordenador-geral de Controle de Sistemas e Serviços de Saúde do Ministério da Saúde, Josafá dos Santos, garantiu que o governo federal tem feito o possível para o enfrentamento da pandemia. Segundo dados do ministério, das 27 unidades da federação, 19 ainda estão com taxa de ocupação de leitos acima de 80%. Os estados do Ceará, Santa Catarina e Espirito Santo têm ocupação mais elevada. Uma redução na ocupação dos leitos foi percebida em parte pela abertura de nova unidades, assim como na diminuição da internação de casos graves. — O ministério vem fazendo a parte ele, medindo todos os esforços para que não falte leitos de UTI  — afirmou o coordenador.